• Intemperismo, ou meteorização, é o processo físico e químico de decomposição e desagregação de rochas na superfície terrestre, moldando o relevo e formando o solo. Ele ocorre através de diferentes tipos, como físico (desagregação mecânica), químico (decomposição por reações químicas) e biológico (ação de organismos vivos).


Espírito das plantas


2025
Tinta acrílica sobre tela
20x20 cm cada

Durante a residência artística Sol da Meia-Noite, desenvolvi esta série de pinturas como uma investigação sensível sobre os vínculos entre o humano e o vegetal. As figuras emergem como híbridos, corpos que são também folhas, gestos que lembram brotos, revelando uma contínua metamorfose entre matéria viva e imaginação. O fundo escuro funciona como um campo fértil, onde formas luminosas se expandem e respiram, evocando ciclos de crescimento, regeneração e comunhão com o ambiente.

Essas imagens nasceram de uma escuta atenta da natureza e da cultura peculiar do nordeste, que transforma a percepção do tempo e do corpo. As figuras parecem se mover entre a fotossíntese e o sonho, entre o gesto humano e o impulso vegetal. São tentativas de captar um estado de transição, o instante em que a vida se manifesta como energia compartilhada, vibrando entre o visível e o invisível.



O que vejo quando fecho meus olhos


série de pinturas
Tinta acrílica, posca, spray e bastão de óleo sobre tela.
60x60 cm 
2024-2025

Há uma dualidade na escuridão. No solo, abaixo da terra, onde o olhar não alcança, a escuridão é fértil e viva, uma matriz de crescimento, vida e transformação. Já na noite, ela é vasta e misteriosa, um espaço onde o conhecido e o desconhecido coexistem. Precisamos apreciar a complexidade do mundo invisível, reconhecer a vida que floresce na escuridão e aceitar o mistério como parte intrínseca da experiência humana. A noite, em sua imensidão, oferece uma tela para sonhos e medos, onde criaturas desconhecidas habitam tanto a terra quanto as profundezas do subconsciente humano. A fauna e flora noturna, sugerida por sombras e silhuetas, desafia nossa compreensão e nos lembra da beleza e do terror do desconhecido. É um lembrete das inúmeras formas de vida que prosperam na ausência de luz, se adaptando e evoluindo em um mundo subterrâneo raramente visto. Neste espaço, raízes se entrelaçam em uma dança silenciosa, alimentando e sendo alimentadas pelo solo que as sustenta.

















120x120 cm

Arquivo Invisível

2024


Nesta obra, construo uma narrativa visual que se articula entre natureza, simbolismo e identidade, explorando a ideia de coleção e memória visual ao reunir uma diversidade de imagens que dialogam entre si e com o espaço ao redor. Em uma abordagem que mescla colagem, pintura e ilustração, organizo fragmentos simbólicos, mãos, luas, cobras, borboletas, figuras humanas e vegetais, em uma composição que conecta o natural e o humano, o pessoal e o coletivo. Cada elemento funciona como uma peça de um arquivo poético, ao mesmo tempo íntimo e universal, que busca evocar a complexidade da experiência humana em relação à natureza. A disposição desses elementos, combinada ao uso de cores e padrões repetitivos, sugere um fluxo contínuo de tempo e transformação, onde cada imagem carrega histórias e significados que ultrapassam o visível, revelando meu olhar atento à potência simbólica de cada figura.


Mundo Natural



coleciono fragmentos, imagens que me atravessam como lembranças vagas de um planeta em respiração. pedaços de céu, terra, serpentes, pássaros e gestos se misturam sobre o papel. desenho como quem tateia um território em formação, onde o natural e o imaginado se confundem.

há algo que insiste em brotar entre o traço e o silêncio. às vezes é o rastro de um corpo que se move, às vezes o eco de uma paisagem antiga. gosto de pensar que cada camada guarda uma pequena transformação, um movimento quase invisível, como o da terra que respira sob nossos pés.

nessas composições, busco um modo de me relacionar com o mundo que não seja apenas olhar, mas habitar. deixar que as coisas falem em seu próprio ritmo: o brilho úmido de uma rocha, o voo contido de um pássaro, a curva atenta de uma cobra. tudo pulsa junto, como se o papel fosse um solo compartilhado onde as imagens se enraízam e se dissolvem.

é um exercício de escuta, do que ainda vive entre nós, do que se transforma, do que permanece.





Série de colagem sobre papel
48 x 66 cm
2024-25